Entenda o que é a dor miofascial e conheça seus tratamentos

Entenda o que é a dor miofascial e conheça seus tratamentos

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Publicado em 05/set/20

Qualquer músculo pode causar dor. Se levássemos isso em consideração no dia a dia, provavelmente, teríamos mais cuidados com os vícios de postura — só para citar um entre tantos fatores que podem levar à dor miofascial muscular. Essa síndrome, quase sempre, é acompanhada por “nós de contraturas” que latejam ao serem apalpados.

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Para você, isso soa familiar? Então, não perca tempo: continue a leitura e entenda por que a adesão a um tratamento especializado e individualizado é essencial para evitar a cronificação do problema e melhorar sua qualidade de vida!

O que é a dor miofascial?

A musculatura estriada esquelética corresponde a 50% do peso corporal e é o primeiro alvo das sobrecargas diárias, principalmente, a má postura. A dor miofascial nada mais é do que uma síndrome musculoesquelética caracterizada por uma dor constante, profunda e intensa, com sensação de peso, queimação ou formigamento. Além disso, ela pode ser regional, mal localizada ou referida (sentida em uma região que, nem sempre, representa a origem do problema).

Pontos-gatilhos

Os pontos-gatilhos (trigger points) da dor miofascial podem aparecer em qualquer parte do organismo. São pequenos locais onde a fibra muscular está contraída ao máximo.

Na maioria das vezes, esses pontos se associam a outras condições dolorosas, tais como:

  • dores nas costas (lombalgias, cervicalgias e dorsalgias);
  • dores nos ombros e nos cotovelos;
  • enxaqueca e cefaleia tensional;
  • disfunção da articulação temporomandibular;
  • síndrome do túnel do carpo (localizada entre o pulso e a mão);
  • dores pélvicas e
  • lesões pós-traumáticas.

Alterações no organismo

As alterações provocadas pelos pontos-gatilhos no organismo podem ser:

  • morfológicas, como aumento da rigidez nos tecidos musculares;
  • de neurotransmissores, com elevação dos níveis de citocinas pró-inflamatórias;
  • neurossensoriais, levando à hipersensibilidade aos estímulos dolorosos e
  • motoras, resultando na diminuição da mobilidade (falta de alongamento), fraqueza muscular e, em certos casos, até disfunções de movimento (tremores).

Como é o diagnóstico da dor miofascial?

O diagnóstico da dor miofascial é clínico. Geralmente, o médico começa fazendo uma anamnese completa, a fim de investigar quais fatores desencadeiam ou perpetuam a dor no paciente.

Em seguida, tem início o exame físico, com uma série de testes para avaliar as limitações de movimento e alongamento. A palpação (técnica de digito pressão), para identificar os pontos de contratura, também é feita nesse momento.

É importante ressaltar que fibromialgia, afecções osteoarticulares e doenças neurológicas também podem estar associadas à dor miofascial — muitas vezes, há mais de uma patologia ao mesmo tempo. Nesse caso, são necessários diagnósticos diferenciais.

Pontos-gatilhos no diagnóstico

Os pontos-gatilhos são elementos centrais no diagnóstico da dor miofascial. Para identificá-los, utilizam-se critérios mínimos e critérios de confirmação.

Entre os critérios mínimos, deve ser possível sentir o ponto doloroso após estimulação manual. Nessa hora, o paciente deve relatar a presença de dor referida (sentida à distância) consequente à palpação.

Já entre os critérios de confirmação, destaca-se o “sinal do pulo” (reação involuntária de salto ou retirada da mão) ou o “twitch” (reação contrátil) durante a palpação. Com esses critérios e com base nos padrões de dor referida de cada músculo, o médico consegue traçar o diagnóstico.

Quais são as pessoas mais acometidas?

A dor musculoesquelética acomete boa parte da população, sendo o principal motivo de busca por ajuda médica. E sabe qual é a principal causa dessa dor? A dor miofascial!

A dor miofascial é mais comum em mulheres de meia-idade e sedentárias. Porém, pode acometer qualquer pessoa, independentemente do sexo e da faixa etária.

Quais são as causas da dor miofascial?

Se você quer entender o que pode ser uma dor muscular constante, saiba que as causas da dor miofascial são desconhecidas. Algumas hipóteses defendem que se trata de uma disfunção muscular decorrente de alterações adquiridas.

Outras acreditam que o problema deriva de um mecanismo de amplificador da dor, como na fibromialgia. A disfunção na percepção da dor faz com que o sistema nervoso interprete estímulos indolores como dolorosos.

O que se tem certeza é que existem fatores que ajudam a perpetuar a dor miofascial. Entre os fatores mecânicos, há o chamado estresse físico (má postura, por exemplo); entre os não-mecânicos, existe os estresses imunológicos, hormonais, infecciosos e psicológicos.

Como o tratamento ajuda a amenizar a dor miofascial?

tratamento visa desativar os pontos-gatilhos e corrigir os fatores desencadeantes e perpetuantes da dor miofascial. Devido à complexidade, os cuidados devem ser multidisciplinares.

Além do médico especialista em dor, fisioterapeuta, neurologista, psicólogo, nutricionista, preparador físico, entre outros profissionais, agrupados de acordo com o quadro de cada paciente, traçam uma estratégia conjunta. Para entender como é o  tratamento para dor multidisciplinar, assista à live com a Dra. Paula Benedetti, especialista no tratamento da dor crônica, e o fisioterapeuta Roger Andrade, do Instituto Correr.

Tipos de tratamentos

Entre as possíveis intervenções para amenizar a dor miofascial, destacam-se:

  • tratamentos medicamentosos, com analgésicos, anti-inflamatórios não esteroides, miorrelaxantes, antidepressivos e anticonvulsionantes;
  • bloqueios de nervos, orientados por ultrassom;
  • infiltração com anestésicos e analgésicos;
  • a terapia com laser;
  • massagens com pressão;
  • compressão isquêmica;
  • liberação ou deslizamento miofascial;
  • agulhamento a seco;
  • injeção de toxina botulínica;
  • acupuntura;
  • alongamentos com spray congelante, entre outros

Hábitos que ajudam a melhorar

Para aliviar a dor e ter mais bem-estar, vale a pena adotar algumas mudanças no estilo de vida:

  • fazer exercícios físicos regularmente;
  • se alimentar de forma saudável e combater o sobrepeso;
  • beber bastante água, para o músculo se manter nutrido
  • ter momentos de lazer, descanso e relaxamento;
  • manter uma postura adequada no trabalho (ergonomia);
  • se deitar de maneira confortável e tentar dormir bem (um banho quente pode ajudar).

Como prevenir as dores miofasciais?

Ter uma boa postura é imprescindível. Por isso, atente-se à ergonomia no trabalho. O computador deve ficar à altura dos olhos e você precisa sentar com as costas apoiadas e os joelhos a 90º, para não prejudicar a circulação nem sobrecarregar, ainda mais, a lombar.

Levantar algumas vezes durante o trabalho, para se movimentar e não ficar muito tempo parado, também ajuda. Além disso, mantenha-se aquecido em dias mais frios, para evitar ficar com o corpo contraído de frio.

A dor miofascial tem cura?

Em geral, as doenças que cursam com dores crônicas, como a síndrome miofascial, não têm cura, mas têm controle. Esse é feito por meio da adesão e colaboração ativa do paciente no tratamento. É preciso levá-lo a sério e ter em mente que os cuidados são diários e para o resto da vida.

Para concluir, o diagnóstico precoce e o tratamento individualizado, somado a um estilo de vida saudável, asseguram o alívio da dor miofascial. Ainda que não se possa falar em cura, buscar ajuda especializada evita a cronicidade do problema, bem como a piora do prognóstico. Por isso, aos primeiros sinais, procure um especialista!

Caso tenha alguma dúvida, entre em contato. Se preferir, agende uma consulta para fazer uma avaliação individual!

Material escrito por: Dra. Paula Benedetti

Anestesiologista especialista em Dor. Formada em medicina pela Universidade Federal de Rio Grande (FURG). Realizou sua residência médica em anestesiologia na Fundação Universitária de Cardiologia (IcFUC) e no Centro de treinamento SANE/SBA, em Porto Alegre(RS). Seus estudos focados no tratamento da dor foram realizados com os cursos de pós-graduação em dor crônica, no Hospital Israelita Albert Einstein, e no Curso de Intervenção em Dor na Singular- Centro de controle da dor.

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