A importância do tratamento multidisciplinar para as dores musculares

A importância do tratamento multidisciplinar para as dores musculares

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Publicado em 22/set/20

Dores musculares, agudas ou crônicas, precisam de cuidados multidisciplinares. Por isso, além do médico especialista em dor, mais profissionais, como fisioterapeuta, neurologista, psicólogo, nutricionista, preparador físico, entre outros, participam do tratamento. Para escalar esse time, consideram-se as necessidades individuais de cada paciente. Dessa forma, pode-se traçar a melhor estratégia para recuperar a qualidade de vida e o bem-estar.

Para entender a importância do tratamento multidisciplinar para as dores musculares, a Dra. Paula Benedetti participou de um bate-papo com o fisioterapeuta Roger Andrade, do Instituto Correr, em Blumenau. Continue a leitura para conferir os principais pontos desta conversa e saiba como o tratamento multidisciplinar é benéfico aos pacientes!

Roger Andrade: Quais são as características das dores miofasciais?

Dra. Paula Benedetti: Dores miofasciais são dores nas fáscias que recobrem os músculos, ou seja, dores musculoesqueléticas. Elas podem ser sentidas como uma queimação, um formigamento ou um peso. Em relação à periodicidade, as dores musculares são classificadas como agudas quando duram menos de 3 meses e, a partir de então, tidas como crônicas.

Roger: Para começarmos, explique a importância de tratar as dores musculares ainda na fase aguda.

Dra. Paula: Tratar a dor muscular na fase aguda é fundamental para que ela não cronifique. Toda dor começa aguda. Quando ela não é bem tratada, o processo de melhora é muito mais difícil. Por isso, deve-se buscar ajuda adequada o quanto antes.

Roger: Existe um músculo que dói mais?

Dra. Paula: Qualquer músculo pode causar dor. As dores na musculatura das costas, desde a cervical, passando pela região torácica até a lombar, são as mais comuns.

Roger: O que são os pontos-gatilho?

Dra. Paula: Nas síndromes miofasciais é muito comum ter pontos-gatilho (ou trigger points). Eles são perceptíveis pelo tato, quando palpamos os músculos mais doloridos.

Esses caroços nada mais são do que áreas em que os músculos estão extremamente contraturados. Isso causa muita dor, gerando um grande incômodo na vida da pessoa.

Dra. Paula: Gostaria que você explicasse o que leva o surgimento das dores musculares.

Roger: Não existe uma única razão, mas vários fatores. Geralmente, as dores musculares decorrem da má postura (inclusive, dormindo), do excesso de exercícios físicos, da falta de mobilidade ou falta de alongamento.

Quem passa muito tempo no celular, por exemplo, costuma apresentar dor na cervical, com pontos de tensão na região do trapézio. Outros sintomas frequentes são a dor na cabeça, na região da nuca, e a dor no fundo dos olhos.

Roger: Você pode contar como é o tratamento de um médico especialista em dor em casos de pacientes com síndrome miofasciais?

Dra. Paula: Normalmente, os pacientes me procuram em uma fase bem crônica, com dores musculares que os acompanham há meses ou anos. A primeira medida é convencê-los da importância de fazer a reabilitação física com um fisioterapeuta.

Muitas vezes, isso não é fácil. Afinal, como eles têm dores há tempos, já passaram por muitos profissionais e reclamam que os sintomas sempre voltam.

Acontece que, de uma forma geral, as dores crônicas não têm cura. Mas ainda que as doenças que cursam com as dores crônicas, como a síndrome miofascial, não tenham cura, elas têm controle.

O meu papel é convencer o paciente de que metade do tratamento depende da sua própria vontade de melhorar. Infelizmente, não existe um procedimento ou um medicamento que seja eficiente sozinho. A pessoa precisa querer melhorar. Isso significa:

  • levar a fisioterapia a sério;
  • trabalhar as posturas viciosas;
  • fazer atividades físicas e alongamentos corretamente;
  • eliminar o sobrepeso, entre outras medidas.

Esse empenho é diário e para o resto da vida. No mais, entram os medicamentos. Pode-se dizer que, além da conscientização dos pacientes, também cabe ao médico especialista em dor ministrar as medicações adequadas para tratar as dores musculares. Entre elas, analgésicos, anti-inflamatórios e anestésicos, bem como antidepressivos e anticonvulsionantes (para diminuir a resposta neurológica à dor).

Além disso, existem os procedimentos, tais como as infiltrações em pontos-gatilho e os bloqueios de nervos. Eles melhoram muito o quadro de dor muscular, ajudando, inclusive, na fisioterapia, para que o paciente sinta menos dores nas sessões. Na prática, isso facilita a execução dos exercícios, acelerando a reabilitação.

Dra. Paula: Você tem alguma dica para as pessoas evitarem as dores musculares?

Roger: Para diminuir o risco de lesão, deve-se:

  • tomar cuidado com posturas inadequadas, priorizando a ergonomia no dia a dia;
  • fazer atividades físicas corretas e regulares, com foco no fortalecimento;
  • tomar bastante água, para que o músculo consiga se nutrir;
  • fazer uma compressa com bolsa de água quente, quando o local estiver dolorido.

Como mostrado no bate-papo, o paciente precisa participar de uma forma mais ativa do seu tratamento. Não existe uma solução milagrosa que faça a dor desaparecer. Quando se tratam de dores musculares, o que funciona é o tratamento multidisciplinar e individualizado, sendo que os cuidados com a saúde são para o resto da vida — e não apenas quando está com um quadro agudo de dor.

Para saber mais sobre o tema, assista à conversa completa: https://www.facebook.com/watch/?v=343600796811949

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Material escrito por: Dra. Paula Benedetti

Anestesiologista especialista em Dor. Formada em medicina pela Universidade Federal de Rio Grande (FURG). Realizou sua residência médica em anestesiologia na Fundação Universitária de Cardiologia (IcFUC) e no Centro de treinamento SANE/SBA, em Porto Alegre(RS). Seus estudos focados no tratamento da dor foram realizados com os cursos de pós-graduação em dor crônica, no Hospital Israelita Albert Einstein, e no Curso de Intervenção em Dor na Singular- Centro de controle da dor.

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