A importância da mudança no estilo de vida para o tratamento da dor crônica

A importância da mudança no estilo de vida para o tratamento da dor crônica

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Publicado em 07/jul/20

Abandonar velhos hábitos é difícil para todo mundo. Porém, não é impossível. Senão, como explicar tantas histórias inspiradoras, de pessoas que conseguiram superar as dificuldades em busca de um objetivo maior? Isso é o que deve motivar quem precisa fazer melhorias no estilo de vida — parte essencial do tratamento da dor crônica.

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Neste artigo, mostramos os principais benefícios de tomar boas escolhas no dia a dia. Quem sabe não seria este o estímulo que estava faltando para você dar início à sua história de superação? Boa leitura!

Como é o tratamento da dor crônica?

O tratamento da dor crônica envolve o uso de alguns medicamentos, como analgésicos, anti-inflamatórios ou opioides. Eles podem ser associados, ou não, a medicamentos adjuvantes, como corticosteroides, antidepressivos, etc.

Quando preciso, os médicos também podem indicar procedimentos intervencionistas. Entre eles, destacam-se os tratamentos orientados por bloqueios e infiltrações.

Mas os cuidados vão muito além. Para tratar a dor crônica, é preciso adotar uma estratégia multidisciplinar, incluindo uma série de hábitos saudáveis no dia a dia.

Quais hábitos devem ser adotados?

As recomendações relacionadas à promoção da saúde valem para todas as pessoas, mas são especialmente importantes para quem tem alguma dor crônica. A boa notícia é que são medidas simples — mas que exigem comprometimento!

Manter uma alimentação saudável

Comer de maneira saudável, dando preferência à alimentos in natura e minimamente processados, é uma das principais recomendações. No Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, você pode ver os 10 passos para ter uma alimentação adequada. Vale a pena conferir!

Praticar atividades físicas com regularidade

Exercite-se todos os dias, à sua maneira. Manter-se ativo, além de prevenir o aparecimento de outras doenças, como obesidade, diabetes e hipertensão, promove a analgesia dos sintomas dolorosos. Isso ocorre graças à ação do sistema opioide endógeno, ativado durante a prática esportiva.

Fazer uma ou mais terapêuticas complementares

A lista de terapêuticas não farmacológicas é extensa. Com base no quadro clínico individual, o médico especialista em dor pode recomendar que o paciente faça fisioterapia, acupuntura, psicoterapia, etc.

Cuidar da saúde mental

Pessoas com bom equilíbrio emocional têm menos propensão a sofrer com as dores. Isso porque, as descargas frequentes de cortisol — hormônio liberado em momentos de estresse e ansiedade — prejudicam o organismo, tanto comportamental como fisiologicamente. São boas maneiras de cuidar da saúde mental:

  • orar e/ou meditar, como preferir;
  • praticar técnicas de relaxamento;
  • fazer atividades manuais, como artesanatos;
  • cultivar uma horta ou um jardim;
  • ter um animal de estimação;
  • cozinhar e/ou cuidar da casa;
  • reservar momentos para o lazer e o convívio social.

Dormir bem e desenvolver a consciência corporal

Sabe-se que o sono reparador recupera o organismo, especialmente após realizar atividades fatigantes. Além disso, quem dorme bem fica menos suscetível a sofrer lesões do que quem passa o dia cansado e desconcentrado.

Outro aspecto importante é ter consciência corporal para realizar as tarefas do dia a dia. Saber como abaixar pra pegar um objeto ou como carregar pesos, entre outras situações, previne tanto o aparecimento de lesões como a piora das dores já existentes.

Considerar as recomendações gerais em prol da saúde

Além das medidas citadas, vale a pena seguir as recomendações gerais para a promoção da saúde. Entre elas, destacam-se:

  • não fumar;
  • evitar bebidas alcoólicas;
  • manter a caderneta de vacinação atualizada;
  • ter bons hábitos de higiene;
  • usar cinto de segurança ou capacete;
  • não dirigir correndo;
  • praticar sexo seguro;
  • fazer exames de check-up a cada 6 meses.

Quais são os benefícios ligados às mudanças no estilo de vida?

Cada atitude em prol da saúde implica, direta ou indiretamente, em benefícios no combate à dor crônica. Seguir uma dieta menos processada e fazer atividades físicas ajuda a baixar os níveis de colesterol e triglicérides, prevenindo patologias constantemente associadas à presença de dor, como a obesidade.

Além disso, o consumo de alimentos anti-inflamatórios, como peixes (ricos em ômega 3) e frutas vermelhas (antioxidantes), melhora o sistema imunológico. Isso também colabora para afastar doenças com sintomas de dor.

Em relação a levar uma vida mais ativa, ao se mexer o organismo libera endorfina, um analgésico natural. É por isso que fazer exercícios regularmente colabora para o  alívio das dores.

Já ao realizar atividades que fazem bem para a mente, bem como ter um sono reparador, a pessoa passa a lidar melhor com as emoções. Assim, torna-se menos afetada por episódios de estresse, irritação e ansiedade — problemas que também desencadeiam sintomas dolorosos.

Assim, para ser bem sucedido, o tratamento da dor crônica precisa do comprometimento do paciente. Por isso, disciplina é fundamental. Tudo começa com a criação de uma rotina que privilegie os hábitos saudáveis. Aos poucos, cria-se o hábito de comer bem, de fazer exercícios, enfim, de se cuidar. E quando menos se espera, a mudança no estilo de vida terá sido completa!

Caso ainda tenha dúvida sobre o assunto, conte com a gente! Sinta-se à vontade para enviá-las por e-mail, pelo Instagram ou pelo Facebook!

Material escrito por: Dra. Paula Benedetti

Anestesiologista especialista em Dor. Formada em medicina pela Universidade Federal de Rio Grande (FURG). Realizou sua residência médica em anestesiologia na Fundação Universitária de Cardiologia (IcFUC) e no Centro de treinamento SANE/SBA, em Porto Alegre(RS). Seus estudos focados no tratamento da dor foram realizados com os cursos de pós-graduação em dor crônica, no Hospital Israelita Albert Einstein, e no Curso de Intervenção em Dor na Singular- Centro de controle da dor.

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